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Adventismo: A Autoridade de Ellen G. White: Revelações Paralelas ou Palavra de Deus?

Adventismo: A Autoridade de Ellen G. White: Revelações Paralelas ou Palavra de Deus?

Retrato de Ellen G. White aos 72 anos, datado de 1899, durante sua estadia na Austrália.

A Verdade sobre a Autoridade no Adventismo

Todo sistema religioso, cedo ou tarde, revela sua fonte de autoridade. Enquanto a fé reformada repousa unicamente nas Escrituras como regra infalível de fé e prática (sola Scriptura), o adventismo construiu sua teologia a partir de uma segunda base: os escritos de Ellen G. White.

Neste artigo, vamos analisar o papel que Ellen White ocupa na doutrina adventista, sua influência na formação teológica do movimento e como sua autoridade compete com as Escrituras. À luz da teologia reformada, examinaremos se os adventistas realmente creem na supremacia da Bíblia — ou se, na prática, seus dogmas repousam sobre outra fonte.

Quem foi Ellen G. White?

Ellen Gould White foi uma das figuras centrais no processo de consolidação do movimento adventista após o “Grande Desapontamento” de 1844. Apresentando-se como profetisa, ela alegava receber visões e sonhos diretamente de Deus. Ao longo da vida, escreveu mais de 100.000 páginas entre livros, cartas, panfletos e artigos.

Seus escritos abrangem temas variados: saúde, educação, escatologia, conduta cristã e doutrina. Sua obra mais influente, O Grande Conflito, é considerada leitura obrigatória para os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia — sendo usada inclusive como ferramenta evangelística.

O problema não está no fato de Ellen White escrever sobre temas religiosos. O ponto crítico é que seus seguidores a reconhecem como portadora do dom profético, equiparando seus escritos à própria Palavra de Deus.

O que os Adventistas dizem sobre Ellen White?

Oficialmente, a Igreja Adventista do Sétimo Dia afirma que a Bíblia é sua única regra de fé. No entanto, nos próprios documentos da denominação, reconhece-se que os escritos de Ellen White são inspirados pelo Espírito Santo, autoritativos e úteis para instrução doutrinária.

A Revista Adventista já publicou declarações como:

“Negamos que o grau de inspiração dos escritos de Ellen White seja diferente do encontrado nas Escrituras Sagradas.”

Isso, na prática, significa que os adventistas conferem à sua literatura profética a mesma autoridade e inspiração das Escrituras. Mais ainda: em muitas decisões teológicas e organizacionais, os escritos de Ellen White são usados como critério interpretativo da Bíblia.

Em vez da Escritura interpretar a Escritura, como ensina o método reformado, no adventismo a Bíblia é frequentemente interpretada à luz de Ellen White. Isso inverte completamente o fundamento da teologia cristã.

As consequências práticas

A elevação dos escritos de Ellen White gera consequências graves e visíveis:

  1. Doutrinas construídas a partir de visões pessoais
    Doutrinas como o juízo investigativo, o sono da alma, a guarda do sábado como selo dos salvos e até a identificação de Jesus como o arcanjo Miguel foram, em grande parte, reforçadas e perpetuadas por visões que ela alegava receber diretamente de Deus.

  2. A falsa suficiência da Escritura
    Embora a igreja afirme crer na Bíblia, seus membros são ensinados a recorrer aos livros de Ellen White para entender os textos bíblicos. Isso enfraquece a sufficiens Scriptura (suficiência da Escritura) e desloca o foco do texto bíblico para o conteúdo extrabíblico.

  3. Disciplina eclesiástica baseada em literatura extra-canônica
    Em muitas congregações adventistas, pastores e líderes são avaliados não apenas pela fidelidade à Bíblia, mas também por sua conformidade com os conselhos de Ellen White. Há relatos históricos de exclusão de membros que questionaram suas revelações.

  4. Inibição do exame crítico
    A crítica ou discordância dos escritos de White é vista por muitos adventistas como rebelião contra o Espírito de Deus. Isso promove um ambiente de obediência cega e sufoca o discernimento bíblico individual.

A posição reformada

A tradição reformada é clara e inflexível neste ponto: a Bíblia é a única regra infalível de fé e prática. Isso não significa que não existam bons livros cristãos, nem que Deus não use autores piedosos para edificar a igreja. Mas nenhum outro escrito — por mais útil que seja — pode ser colocado ao lado da Escritura como norma doutrinária.

As confissões reformadas afirmam que “tudo quanto o homem precisa saber para a glória de Deus e a salvação de sua alma já foi revelado nas Escrituras” (2 Timóteo capítulo 3 versículos 16 e 17; Hebreus capítulo 1 versículos 1 e 2). O cânon está fechado. Nenhuma nova visão, revelação ou profecia pode complementar a Bíblia — muito menos reinterpretá-la.

Além disso, a teologia reformada reconhece que todo profeta deve ser julgado segundo a Escritura, e que qualquer palavra dita em nome de Deus que contenha erro, contradição ou profecia não cumprida é sinal inequívoco de falsidade profética (Deuteronômio capítulo 18 versículos 20 a 22).

Ellen White errou em datas, em teologia e em declarações que foram posteriormente desmentidas até pela própria ciência. Isso, por si só, seria suficiente para desqualificá-la como profetisa verdadeira.

Conclusão

A fé reformada não rejeita Ellen White por preconceito ou tradição denominacional, mas por compromisso com a autoridade suprema das Escrituras. Ao observarmos sua influência dentro do adventismo, percebemos que sua figura se tornou central, normativa e, muitas vezes, indiscutível. Isso é contrário ao padrão bíblico.

Cristo é a revelação final de Deus. Os apóstolos, guiados pelo Espírito Santo, registraram tudo quanto nos era necessário para a salvação. Fora disso, o que permanece é engano e confusão espiritual.

A igreja de Cristo não precisa de novas profecias. Precisa redescobrir o poder, a beleza e a suficiência das Escrituras. Que possamos, como os bereanos, examinar tudo à luz da Palavra (Atos capítulo 17 versículo 11), e rejeitar todo ensino que tente se igualar à Bíblia como fonte de autoridade.

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