HomeAPOLOGÉTICA CRISTÃAdventismo: Sábado como Sinal da Salvação? Um Retorno à Lei Cerimonial?

Adventismo: Sábado como Sinal da Salvação? Um Retorno à Lei Cerimonial?

Afinal, Devemos Guardar o Sábado?

Sábado ou Salvação? A Escolha que o Evangelho Não Exige

Entre todas as doutrinas que distinguem o adventismo do restante do cristianismo evangélico, nenhuma é tão visível e insistida quanto a guarda do sábado. Para os adventistas do sétimo dia, o sábado não é apenas um dia de descanso — é um sinal distintivo do povo de Deus nos últimos dias, um teste de lealdade espiritual e até mesmo um elemento decisivo na salvação.

Mas será que essa doutrina encontra respaldo nas Escrituras do Novo Testamento? A guarda do sábado foi imposta à igreja de Cristo? O domingo é realmente um desvio pagão, como afirmam muitos adventistas? E, mais profundamente: tornar o sábado um sinal de salvação é compatível com o evangelho da graça?

Neste artigo, à luz da teologia reformada, investigaremos o que a Bíblia ensina sobre o sábado, sua função na antiga aliança, sua transição com a ressurreição de Cristo, e como a insistência adventista nesse ponto se aproxima perigosamente do legalismo.

A origem e o propósito do sábado

O mandamento de guardar o sábado está entre os Dez Mandamentos, instituído por Deus no contexto do pacto com Israel (Êxodo capítulo 20 versículos 8-11). Ele era um sinal de aliança entre Deus e o povo judeu (Êxodo capítulo 31 versículo 13), um dia de descanso, mas também de consagração.

O sábado foi dado como memorial da criação e também como um sinal de libertação (Deuteronômio capítulo 5 versículo 15). No Antigo Testamento, quebrar o sábado era uma transgressão grave, com pena de morte.

Contudo, o sábado era parte de um sistema cerimonial que incluía sacrifícios, festas, purificações e dias santos. Tudo isso apontava para Cristo, o Redentor vindouro. A guarda do sábado era um sinal tipológico, ou seja, um símbolo de algo maior — e esse algo era o descanso prometido em Cristo.

O sábado à luz do Novo Testamento

Com a vinda de Jesus, o sábado assume outro significado. Cristo é o verdadeiro descanso. Ele mesmo afirmou:

“O Filho do Homem é Senhor também do sábado.” (Marcos capítulo 2 versículo 28)

Durante seu ministério, Jesus foi frequentemente acusado de violar o sábado. Ele curava, caminhava com os discípulos, colhia espigas. Ao responder às acusações, deixou claro que a lei do sábado estava a serviço do homem, e não o homem a serviço do sábado (Marcos capítulo 2 versículo 27).

Após a ressurreição, a igreja primitiva começou a se reunir no primeiro dia da semana, o domingo — não como um mandamento novo, mas como um reconhecimento do evento mais grandioso da redenção: a ressurreição de Cristo.

Evidências do Novo Testamento:

  • Cristo ressuscitou no domingo (Marcos capítulo 16 versículo 9).

  • Apareceu aos discípulos no domingo (João capítulo 20 versículo 19).

  • O Espírito Santo foi derramado no domingo (Pentecostes, Atos capítulo 2, que caiu no primeiro dia da semana).

  • A igreja se reunia para partir o pão no domingo (Atos capítulo 20 versículo 7).

  • Coletas e ofertas eram feitas no domingo (1 Coríntios capítulo 16 versículos 1 e 2).

Além disso, Paulo escreve em Colossenses capítulo 2 versículo 16:

“Portanto, ninguém vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.”

Esse texto mostra que os sábados, assim como outras práticas cerimoniais, eram sombras. Agora que Cristo veio, o real substitui o simbólico.

A teologia adventista do sábado

Para os adventistas, o sábado continua em vigor como lei moral universal. Mas além disso, é apresentado como sinal da fidelidade do remanescente fiel nos últimos dias. Os escritos de Ellen White afirmam que, nos tempos finais, a guarda do sábado será a pedra de toque que separará os fiéis dos infiéis. Guardar o domingo será sinal da besta; guardar o sábado será sinal de salvação.

Essa ênfase no sábado como critério salvífico é uma distorção grave da doutrina bíblica. A salvação é pela fé em Cristo, não pela observância de dias (Romanos capítulo 14 versículo 5-6). Substituir a cruz por um calendário é voltar à escravidão da lei.

A resposta reformada

A teologia reformada compreende o sábado como parte da lei moral, mas com conteúdo tipológico cerimonial. O princípio de descansar um dia na semana permanece — mas o dia mudou, porque o evento central da nova aliança não é a criação, mas a redenção.

Guardamos o domingo, o Dia do Senhor, como sinal do novo pacto. Não como um peso legalista, mas como alegre celebração da ressurreição de Cristo.

O Catecismo de Heidelberg diz:

“O que Deus requer no quarto mandamento? […] Que, especialmente no dia de repouso, eu participe fielmente da assembleia de Deus, escute a Palavra, participe dos sacramentos, invoque o Senhor em oração e contribua para os necessitados.”

Ou seja, o descanso cristão não é isolamento, medo ou vigilância de regras, mas adoração, comunhão e renovação espiritual.

Conclusão

O sábado, na teologia adventista, deixou de ser sinal do descanso prometido e passou a ser filtro de salvação. Essa inversão é grave. Ela transforma a graça em mérito, e o evangelho em jugo.

A Escritura ensina que Cristo é o nosso descanso. Ele nos chama:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.” (Mateus capítulo 11 versículo 28)

Guardar um dia como prova de salvação é negar que a cruz é suficiente. Guardar o sábado como sinal final é retornar à sombra, quando o corpo já chegou.

O cristão reformado não precisa do sábado como selo. Tem o Espírito Santo como penhor. Tem Cristo como descanso. Tem a cruz como garantia. E tem o domingo como lembrança semanal de que a morte foi vencida e a nova criação já começou.

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