segunda-feira, 5 maio, 2025
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Adventismo: A Transferência de Pecados para Satanás: O Bode Emissário no Adventismo

Quem Realmente Leva Nossos Pecados?

O Bode Emissário: Cristo ou o Diabo?

Dentre as doutrinas adventistas que mais surpreendem os cristãos evangélicos, uma se destaca por seu grau de ousadia e distorção bíblica: a crença de que, no final da história, os pecados dos salvos serão lançados sobre Satanás, o qual então será destruído juntamente com esses pecados.

Segundo essa doutrina, o diabo é identificado com o “bode emissário” de Levítico capítulo 16, no ritual do Dia da Expiação. Ellen G. White e autores adventistas afirmam que esse bode representa Satanás, que arcará com os pecados dos redimidos.

Essa ideia, no entanto, não encontra sustentação na teologia bíblica. Ao atribuir a Satanás um papel no processo redentor, a doutrina adventista deturpa a obra de Cristo, compromete a doutrina da expiação e ameaça a centralidade da cruz.

Neste artigo, vamos examinar o ritual do bode emissário à luz das Escrituras, expor o ensino adventista e contrastá-lo com a clareza da fé reformada.

O Dia da Expiação e os dois bodes

Em Levítico capítulo 16, o Senhor institui o Yom Kippur, o Dia da Expiação. Nessa ocasião, o sumo sacerdote oferecia sacrifícios pelos pecados de todo o povo de Israel. Dois bodes eram escolhidos:

  1. Um era sacrificado, e seu sangue era aspergido no Santo dos Santos, simbolizando a propiciação dos pecados diante de Deus.

  2. O outro, o bode emissário (ou Azazel), recebia, simbolicamente, a transferência dos pecados por meio da imposição das mãos do sacerdote, e então era enviado vivo ao deserto.

Esse ritual comunicava duas verdades: a expiação pela morte substitutiva (bode sacrificado), e a remoção simbólica da culpa (bode emissário que levava os pecados para longe do povo).

O ponto central aqui é que ambos os bodes faziam parte de uma só oferta expiatória. Ambos representavam Cristo: um como aquele que morre pelos nossos pecados, o outro como aquele que remove os pecados de nós (Salmo capítulo 103 versículo 12).

A interpretação adventista

Ellen G. White escreveu, no livro O Grande Conflito:

“O bode emissário tipifica Satanás, o autor do pecado, sobre quem os pecados dos verdadeiros penitentes serão finalmente colocados.”

Segundo ela, no juízo final, Cristo transferirá os pecados dos crentes para Satanás, e ele será destruído juntamente com esses pecados. Isso faria dele, de alguma forma, co-participante no processo da eliminação do pecado do universo.

A implicação é grave: Satanás teria um papel expiatório — mesmo que involuntário — na justiça de Deus. O diabo seria não apenas punido, mas também “portador” da culpa dos salvos.

Essa é uma das doutrinas mais ofensivas ao evangelho da graça. A Bíblia jamais sugere que Satanás receba pecados de ninguém — ao contrário, ele é o acusador, não o redentor. A ideia de que ele “leva” nossos pecados é, no mínimo, uma perversão da verdade.

O ensino das Escrituras

A Bíblia é absolutamente clara: quem leva os pecados do povo é Cristo, e somente Cristo.

“Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores… ele foi traspassado pelas nossas transgressões.”
(Isaías capítulo 53 versículos 4-5)

“Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.”
(João capítulo 1 versículo 29)

“Cristo se ofereceu uma só vez para levar os pecados de muitos…”
(Hebreus capítulo 9 versículo 28)

“Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro.”
(1 Pedro capítulo 2 versículo 24)

A ênfase das Escrituras é inequívoca: Cristo é o sacrifício, o substituto e o portador de nossos pecados. Ele não divide essa obra com anjos, profetas ou, muito menos, com Satanás.

Problemas teológicos da doutrina adventista

  1. Fere a exclusividade de Cristo como nosso Redentor.
    O sacrifício de Jesus é completo, perfeito e suficiente. Dizer que Satanás recebe os pecados é sugerir que a cruz não foi o ponto final.

  2. Distorce a tipologia bíblica.
    Tanto o bode sacrificado quanto o bode emissário apontam para aspectos diferentes da obra de Cristo. O primeiro representa a morte vicária. O segundo, a remoção do pecado. Não há base bíblica para dizer que o bode emissário é Satanás.

  3. Atribui valor expiatório a Satanás.
    Mesmo indiretamente, a doutrina afirma que o diabo sofre pelos pecados dos santos. Isso é uma blasfêmia contra a cruz. Cristo sofreu sozinho. “Ele pisou o lagar, e dos povos nenhum houve com ele.” (Isaías capítulo 63 versículo 3)

  4. Confunde castigo com expiação.
    É verdade que Satanás será punido. Mas será por sua própria rebelião. Ele não arcará com pecados alheios. O castigo dele não é parte do plano redentor de Deus.

  5. Enfraquece a glória da cruz.
    Em vez de centralizar toda a esperança no sangue de Jesus, a doutrina do bode emissário aponta para um desfecho extrabíblico, onde o diabo se torna peça final do plano da salvação.

A visão reformada

A teologia reformada exalta a suficiência da cruz de Cristo. Toda tipologia do Antigo Testamento se cumpre nele. O sacerdote, o sacrifício, o cordeiro, o propiciatório, o sangue — tudo encontra seu clímax no Filho de Deus encarnado.

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós.”
(Gálatas capítulo 3 versículo 13)

“E, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da majestade nas alturas.”
(Hebreus capítulo 1 versículo 3)

Não há mais obra a ser feita. Não há mais pecados a serem transferidos.
Cristo os levou todos.
Cristo os eliminou todos.
Cristo recebeu todo o castigo.

Satanás, no fim, não será o portador de nossos pecados. Será o receptor da justa ira de Deus, por sua rebelião, mentiras e violência. Mas não fará parte do plano de redenção — nem mesmo como bode.

Conclusão

A doutrina adventista da transferência de pecados para Satanás é mais do que um erro teológico — é uma ofensa ao evangelho. Ao atribuir ao inimigo de Deus qualquer participação na obra da redenção, ela subverte o testemunho da cruz e confunde os símbolos do Antigo Testamento.

A Bíblia nos mostra um Cristo todo suficiente, todo-poderoso e completamente eficaz. Ele não precisa de ajuda. Ele não divide glória. E Ele não transfere culpa.

Na cruz, o Cordeiro de Deus levou, de uma vez por todas, os pecados do Seu povo.
E Ele mesmo os lançou tão longe quanto o Oriente está do Ocidente.
Não há mais condenação. Não há mais dívida. E certamente, não há participação de Satanás nisso.

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