A Verdade Sobre o Sábado e a Nova Aliança
Entre todas as doutrinas adventistas, nenhuma é tão emblemática quanto a ênfase na guarda do sábado como dia sagrado. Para eles, a observância do sábado (do pôr do sol de sexta ao pôr do sol de sábado) é mais que uma prática — é uma marca de identidade espiritual. De fato, afirmam que essa será a “prova final” no tempo do fim: os verdadeiros fiéis guardarão o sábado; os infiéis, o domingo.
Mas será que a guarda do sábado é um mandamento moral universal? Os cristãos que guardam o domingo estão em pecado? O sábado é um requisito para a salvação? Ou seria ele uma sombra do Antigo Testamento que se cumpriu em Cristo?
Neste artigo, vamos confrontar a doutrina adventista com o ensino claro da Escritura e a tradição reformada, para compreender se o sábado ainda é vinculante para o cristão da nova aliança.
O sábado no Antigo Testamento
A primeira menção ao sábado aparece em Gênesis capítulo 2, quando Deus descansa no sétimo dia. No entanto, nenhuma ordenança foi dada à humanidade sobre esse dia até o Sinai.
A primeira lei explícita aparece em Êxodo capítulo 16, quando Israel recebe o maná no deserto e é instruído a não colher no sétimo dia. Posteriormente, o sábado é instituído como sinal da aliança mosaica:
“Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre.”
(Êxodo capítulo 31 versículo 17)
O sábado foi dado a Israel, como sinal distintivo de sua relação com Deus no contexto da velha aliança. A violação do sábado acarretava pena de morte, pois envolvia rebeldia contra a aliança nacional de Deus com seu povo.
O argumento adventista: o sábado é eterno
A doutrina adventista afirma que:
- O sábado é parte dos Dez Mandamentos — logo, é moral e eterno.
- Jesus e os apóstolos guardaram o sábado.
- A mudança para o domingo foi um erro da Igreja Católica.
- Apocalipse capítulo 14 ensina que os “santos” são os que “guardam os mandamentos”, incluindo o sábado.
Por fim, sustentam que no tempo do fim, a guarda do sábado será o sinal de fidelidade a Deus, e o domingo será o sinal da apostasia.
Mas essa leitura ignora a revelação progressiva da Escritura e o cumprimento de todo o sistema mosaico em Cristo.
O ensino da Nova Aliança
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Cristo é o cumprimento do sábado
“Vinde a mim… e eu vos aliviarei.”
(Mateus capítulo 11 versículos 28-30)
Logo após esse convite, Jesus afirma ser o “Senhor do sábado” (Mateus capítulo 12 versículo 8). Em outras palavras, Ele é o descanso verdadeiro prometido por Deus. O sábado semanal apontava para o descanso final em Cristo.
“Porque nós, os que cremos, entramos no descanso…”
(Hebreus capítulo 4 versículo 3)
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Os apóstolos não impuseram o sábado aos gentios
No Concílio de Jerusalém (Atos capítulo 15), os líderes da igreja discutiram quais mandamentos seriam exigidos dos cristãos gentios. Nenhuma menção foi feita ao sábado — o que seria impensável se fosse essencial à salvação.
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O sábado foi abolido como ordenança obrigatória
“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida, ou bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados.”
(Colossenses capítulo 2 versículos 16-17)
Paulo afirma que essas práticas são “sombras das coisas que haviam de vir”, mas “o corpo é de Cristo”. Ou seja, o sábado foi figura; Cristo é a realidade.
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O domingo é o dia do Senhor na nova criação
Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana (João capítulo 20). O Espírito Santo foi derramado em um domingo (Pentecostes). A ceia era celebrada no domingo (Atos capítulo 20 versículo 7). A coleta era feita nesse dia (1 Coríntios capítulo 16 versículos 1-2).
Os pais da igreja (Barnabé, Inácio de Antioquia, Justino Mártir) atestam que os cristãos do primeiro e segundo século já se reuniam no domingo, o “dia do Senhor”.
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A salvação é pela fé, não por dias
“Vocês guardam dias, meses, tempos e anos… temo que, em vão, tenha trabalhado entre vocês.”
(Gálatas capítulo 4 versículos 10-11)
A tentativa de voltar aos rudimentos da antiga aliança — como a guarda literal de dias sagrados — é vista por Paulo como regressão legalista.
O erro central da doutrina adventista
O maior problema da doutrina sabatista não está na escolha de um dia de adoração — mas em torná-lo obrigatório para a salvação. Ellen White escreveu:
“Santificar o sábado ao Senhor importa em salvação eterna.” (Testemunhos, Volume 3)
Essa afirmação contradiz o coração do evangelho:
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé…” (Efésios capítulo 2 versículo 8)
A guarda do sábado não é um sinal de salvação, mas um sinal da velha aliança, encerrada em Cristo. Insistir nisso como requisito para salvação é uma forma de legalismo religioso.
O que a teologia reformada ensina?
A confissão reformada afirma que:
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O sábado moral (o princípio de descanso semanal) continua válido.
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Mas a forma cerimonial (sábado do sétimo dia) foi abolida.
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O domingo é o “Dia do Senhor”, símbolo da nova criação em Cristo.
“O sábado cristão é observado no primeiro dia da semana, chamado de Dia do Senhor, como memorial da ressurreição de Cristo.”
(Catecismo de Westminster, Pergunta 59)
O princípio de um dia em sete permanece, mas a sombra foi substituída pela luz plena da ressurreição.
Conclusão
O sábado foi um dom de Deus a Israel, um símbolo do descanso prometido em Cristo. Ao insistir na guarda do sábado como condição para salvação, o adventismo transforma a sombra em ídolo e desvia os olhos da cruz para as tábuas de pedra.
Cristo não veio para reafirmar a antiga aliança — veio para cumpri-la e nos libertar dela.
A verdadeira fidelidade a Deus não está em guardar um dia, mas em descansar pela fé na obra consumada de Jesus.
Não somos salvos por guardar o sábado.
Somos salvos por Aquele que é o nosso sábado eterno.
