segunda-feira, 5 maio, 2025
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Cristianismo Reformado e o Adventismo do Sétimo Dia: Um Contraste Teológico Necessário

Adventismo e Cristianismo Reformado: Há Concerto Teológico Possível?

Cristianismo Reformado e o Adventismo do Sétimo Dia: Um Contraste Teológico Necessário

O estudo comparativo entre diferentes correntes religiosas, inclusive aquelas que reivindicam alguma afinidade com o cristianismo, é uma ferramenta essencial para a maturidade espiritual e o discernimento bíblico. Compreender em que pontos determinados grupos se afastam da doutrina histórica da fé cristã, conforme expressa nas Escrituras e nos credos reformados, permite que o cristão esteja preparado para dialogar com respeito, mas também com firmeza e fidelidade à verdade revelada por Deus.

Neste artigo, o foco será uma análise teológica da Igreja Adventista do Sétimo Dia à luz do cristianismo histórico reformado. Embora os adventistas compartilhem muitas doutrinas fundamentais com os evangélicos — como a crença na Trindade, na divindade de Cristo e na inspiração das Escrituras — há elementos centrais em sua teologia que divergem seriamente da fé cristã conforme compreendida nas confissões reformadas. Entre elas: a autoridade de Ellen G. White, a guarda do sábado como essencial à salvação, o juízo investigativo, a mortalidade da alma e a doutrina da expiação envolvendo Satanás.

1. Autoridade e Revelação

Uma das marcas do protestantismo reformado é o princípio da sola Scriptura — somente as Escrituras são regra infalível de fé e prática. Nesse ponto, encontramos um dos maiores desvios do adventismo: o reconhecimento dos escritos de Ellen G. White como proféticos, autoritativos e, muitas vezes, com grau de inspiração equiparado ao das Escrituras. Isso abre margem para contradições com a Bíblia e torna o cânon bíblico funcionalmente insuficiente dentro do sistema adventista.

A doutrina reformada afirma que, desde o fechamento do cânon bíblico (Apocalipse capítulo 22 versículos 18 e 19), não há mais revelações normativas. Deus falou de forma plena e final por meio de Seu Filho (Hebreus capítulo 1 versículos 1 e 2), e os apóstolos, guiados pelo Espírito Santo, registraram essa revelação nas Escrituras. Qualquer “nova revelação” que contrarie ou complemente as Escrituras deve ser rejeitada.

2. Juízo Investigativo e Expiação Incompleta

Outra doutrina peculiar do adventismo é o chamado juízo investigativo, segundo o qual Cristo teria iniciado, em 1844, uma fase especial de julgamento no santuário celestial, examinando os registros dos crentes antes de retornar. Essa doutrina é baseada em uma interpretação questionável de Daniel capítulo 8 versículo 14 e não encontra respaldo no Novo Testamento.

No pensamento reformado, a obra redentora de Cristo é perfeita e completa (Hebreus capítulo 10 versículo 14). Quando Ele disse “Está consumado” (João capítulo 19 versículo 30), Ele selava a totalidade da expiação dos pecados de Seu povo. Não há processo posterior de investigação que determine quem será salvo. A salvação é garantida pela justiça de Cristo imputada ao crente pela fé.

3. A Natureza de Cristo

O adventismo ensina que Jesus assumiu uma natureza humana “pecaminosa e caída”, o que contradiz diversos textos bíblicos que afirmam a perfeição e santidade de Cristo. Jesus foi semelhante a nós em tudo, exceto no pecado (Hebreus capítulo 4 versículo 15). Acreditar que Ele tenha herdado a corrupção do pecado original compromete a doutrina da substituição penal, pois somente um Cordeiro sem mácula pode ser oferecido a Deus pelos pecadores.

4. A Doutrina da Salvação

Embora a Igreja Adventista do Sétimo Dia afirme que a salvação é pela graça mediante a fé, muitos de seus escritos e práticas introduzem elementos que comprometem essa verdade. A guarda do sábado, por exemplo, é frequentemente apresentada como sinal distintivo dos salvos, tornando-se, na prática, uma condição para a salvação. Essa ênfase beira o legalismo e nega a suficiência da obra de Cristo.

Na teologia reformada, a salvação é exclusivamente obra de Deus. O homem, morto em delitos e pecados, não pode cooperar com sua salvação. Tudo, desde a regeneração até a glorificação, é fruto da graça soberana de Deus (Efésios capítulo 2 versículos 8 e 9; Romanos capítulo 8 versículos 29 e 30).

5. O Sono da Alma e a Aniquilação dos Ímpios

Outro ponto de discordância é a negação da imortalidade da alma e do sofrimento eterno dos ímpios. O adventismo ensina que, após a morte, o ser humano entra em um estado de inconsciência até a ressurreição e que os ímpios serão aniquilados, deixando de existir.

A Bíblia, no entanto, ensina claramente que a alma sobrevive à morte física (Lucas capítulo 16 versículos 19 a 31; 2 Coríntios capítulo 5 versículo 8; Filipenses capítulo 1 versículo 23) e que o castigo eterno é uma realidade tão duradoura quanto a vida eterna (Mateus capítulo 25 versículo 46). A negação dessas doutrinas compromete a seriedade do juízo de Deus e a urgência da pregação do evangelho.

6. Sábado ou Domingo?

Por fim, a questão da guarda do sábado. Os adventistas insistem na observância do sétimo dia como um mandamento perpétuo e vinculante. Entretanto, os cristãos desde os tempos apostólicos passaram a se reunir no primeiro dia da semana, o “dia do Senhor”, em celebração à ressurreição de Cristo (Atos capítulo 20 versículo 7; 1 Coríntios capítulo 16 versículos 1 e 2; Apocalipse capítulo 1 versículo 10).

A teologia reformada compreende que o sábado era uma sombra das realidades futuras, e que Cristo é o cumprimento desse descanso (Colossenses capítulo 2 versículos 16 e 17; Hebreus capítulos 3 e 4). Portanto, o domingo não é um sábado judaico transferido, mas um novo dia de celebração, repouso e adoração na nova aliança.

Conclusão

O cristão reformado, comprometido com a centralidade das Escrituras, a suficiência da obra de Cristo e a soberania da graça, precisa examinar cuidadosamente as doutrinas da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Embora compartilhem alguns pontos com o cristianismo evangélico, as divergências essenciais — especialmente em torno da autoridade de revelações extrabíblicas, da natureza de Cristo, da doutrina da salvação e da escatologia — exigem uma avaliação séria e bíblica.

Nosso objetivo com esta análise não é promover divisões desnecessárias, mas sim discernimento espiritual. Que possamos amar a verdade mais do que a tradição, e acolher com graça os que buscam sinceramente a fé, apontando sempre para as Escrituras como única regra de fé e prática.

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